Enquanto nas prateleiras dos mercados o preço da carne está nas alturas, no campo, os valores recuaram alguns reais. Isso porque as vendas do Brasil para a China foram suspensas, após casos suspeitos de vaca louca notificados em Minas Gerais e Mato Grosso. A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) já informou que as ocorrências não representam risco para a cadeia de produção bovina brasileira. Mesmo assim, a China mantém o veto há 47 dias.

A cotação do boi gordo recuou porque a oferta de animais no campo aumentou com a paralisação das compras da China, que é o principal parceiro do Brasil neste setor. O país asiático importa quase metade das cerca de 2 milhões toneladas de carne que o Brasil envia a outros países, por ano e, portanto, todo movimento que a nação faz facilmente afeta nossos preços. No campo, a arroba bovina está custando cerca de R$ 272. No início de setembro, quando ocorreu a suspensão, a cotação estava em torno de R$ 305, chegando a bater recorde em junho (R$ 322).

Por outro lado, o analista diz que, se a suspensão da China se estender por muito mais tempo, a tendência é que os frigoríficos comecem a colocar mais carne no mercado interno. Com mais proteína disponível, a tendência seria os preços caírem. Na terça (20), o Ministério da Agricultura determinou que os frigoríficos habilitados para exportar para a China suspendam a produção para o país por 60 dias, o que sinalizou, para os analistas, que a paralisação do comércio pode durar mais.

“Não tem outro consumidor mundial que consegue comprar em quantidade e preço o que a China compra do Brasil. Então essa carne vai acabar indo para o mercado interno e o preço pode recuar de forma mais significativa”, ressalta Iglesias.

Quando se olha para o campo, a trajetória futura do preço da carne parece incerta e pecuaristas já diminuíram o abate de bois, que vem se acumulando nas fazendas, conta o analista de agro José Carlos Hausknecht, sócio-direto da MB Associados. “O pecuarista está entrando em uma fase em que manter o gado sem abatê-lo pode ser uma estratégia para não permitir uma queda muito forte no preço”, aponta André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Por outro lado, Hausknecht diz que manter esses animais nas fazendas sai caro, especialmente porque, entre setembro e outubro, os bois que estão no campo são os de confinamento, sistema que tem gastos elevados com alimentação. “Os bois continuam comendo e uma hora vão parar de engordar. Então, em algum momento, a indústria vai ter que abater. E com abate, entra mais carne no mercado, e os preços podem começar a cair no varejo”, diz Hausknecht.

Ele reforça, porém, que tudo isso é incerto. No caso de uma retomada rápida da exportação de carne para a China, por exemplo, a proteína nem chega a ser colocada no mercado e os preços continuam nos atuais patamares. “Tudo depende do tempo deste embargo”, diz.

Fonte: Meio Norte

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