Segundo Bruno Milanez, junto com o rejeito “vem pedra, vem árvore, vem galho, vem animal morto e todo este material em movimentação potencializa o próprio rejeito”, o que não foi levado em conta pela mineradora
O possível rompimento da barragem da Mina de Gongo Soco, na região de Barão de Cocais, tem preocupado não só a população de Minas Gerais, como as autoridades, engenheiros e pesquisadores.
De acordo com o engenheiro e integrante do Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade, Bruno Milanez, o estrago causado com o rompimento pode ser ainda maior do que o previsto no relatório apresentado pela Vale.
“Junto com este rejeito vem pedra, vem árvore, vem galho, vem animal morto e todo este material em movimentação potencializa o próprio rejeito, porque são materiais sólidos, que não vão simplesmente dar vazão, eles vão empurrar o que tiver pela frente. O próprio relatório sugere que, a forma como foi dada, ela não apresenta o pior cenário possível. Daí que a gente pode questionar isso e se perguntar: será que eles não deveriam tomar uma medida ainda mais conservadora para garantir a segurança das pessoas?”, questiona.
Nesta semana, o secretário estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, disse que uma auditoria independente afirmou que a barragem do complexo minerário Vale de Gongo Soco, em Barão de Cocais, tem de 10 a 15% de chances de romper.
“O rompimento do talude vai acontecer. Há uma questão imponderável: se esse rompimento do talude, na cava, vai afetar a barragem. Isso não é possível precisar. O consultor dessa auditoria independente registrou que essa chance é de uma em dez ou uma em oito. Levaria de 10 a 15% de probabilidade. Foi por isso que foi importante o registro aqui da Defesa Civil dos simulados, do treinamento e de seguir os protocolos”, afirma.
Segundo o engenheiro Bruno Milanez, o estudo de rompimento de barragem da Vale, chamado “dam break”, deveria estar disponibilizado para a população. Ele afirma que o fato de os resultados não terem sido apresentados só aumenta a insegurança das pessoas.
“É triste ver que nem a Vale fornece esses dados para os moradores, nem o governo estadual de Minas Gerais exige que a Vale faça isso. É função do governo de estado garantir a segurança da população e um dos elementos fundamentais para a segurança é a informação. Então, uma vez que a Vale, voluntariamente, não faz isso, caberia ao governo do estado obrigá-la a divulgar esses dados. Infelizmente, a gente não vê isso acontecer. E isso gera angústia, pavor, medo e todo esse sentimento que as pessoas estão sofrendo agora. Isso é sofrimento real”, ressalta.
A Vale também anunciou, nesta semana, a paralisação do transporte de carga em um trecho da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Essa medida segue a recomendação da Agência Nacional de Mineração (ANM) e vai vigorar por tempo indeterminado, para que a segurança dos trabalhadores seja preservada. O rompimento do talude é dado como certo e, segundo estimativas da Vale, deve ocorrer até este final de semana.
Fonte: Agência Radio