Uma parceria entre o SENAI e a Secretaria Nacional da Juventude, órgão vinculado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, vai ofertar aos jovens brasileiros laboratórios tecnológicos para o desenvolvimento de competências e preparação para o mercado de trabalho.
Apresentado nesta terça-feira (9), na Câmara dos Deputados, pela ministra Damares Alves, o Programa Espaço 4.0 prevê a instalação de contêineres com computadores, impressoras 3D e ferramentas para produção de protótipos. A estimativa do ministério é que três milhões de alunos sejam beneficiados.
O investimento inicial no programa será de 8,4 milhões de reais e envolve um projeto piloto em cada Unidade da Federação, além de Brumadinho (MG) – atingido pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em janeiro.
A parceria aguarda convênios com os 28 municípios a serem contemplados pelo programa. Para serem escolhidas, as cidades terão situação fiscal avaliada e cada prefeito terá que assinar termo de compromisso. Os locais serão administrados pelas prefeituras, conforme estabelecido no plano de trabalho do convênio com a secretaria. O governo espera que, após a implementação do projeto, 100 mil pessoas recebam qualificação profissional em um ano.
Os módulos serão criados com base em uma metodologia do SENAI conhecida como Espaço Maker, conceito de ambiente colaborativo em que se estimula os alunos a serem protagonistas do próprio aprendizado.
Segundo a secretária nacional da Juventude, Jayana Nicaretta da Silva, o objetivo é ampliar o acesso à qualificação profissional. Para a gestora, a implantação do programa é uma alternativa no enfrentamento ao desemprego, já que 27,3% dos brasileiros entre 18 e 24 anos estão fora do mercado de trabalho, segundo o IBGE. “A ideia é introduzir de forma mais acessível meios para solucionar e empreender, sendo que emprego e perspectiva de vida é um desafio”, justificou.
A especialista em educação do Departamento Nacional do SENAI, Monica Mariano, avalia que unir teoria e prática no mesmo lugar desperta o espírito inventivo e estimula a criatividade.
“Esse tipo de iniciativa é fundamental para formação com essa nova pegada, essa nova forma de trabalhar. Vai permitir que eles tenham acesso a esse novo mercado de trabalho e possibilita a entrada do Brasil na Indústria 4.0, altamente tecnológica”, afirmou.
“Jovens escondidos”
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, considera que o projeto é socialmente importante por permitir que “jovens escondidos” pelo país tenham a chance de seguir em uma profissão.
“Precisamos de políticas públicas de continuidade, não mais de projetos que só dão início e não pensam de fato no futuro. Essa iniciativa promete dar acesso a todos”, explicou a ministra.
A proposta de incentivar a educação profissional também recebeu elogios de parlamentares. “Estamos em uma fase onde temos mais jovens no nosso país e temos que aproveitar esse momento para formar cidadãos de bem e só conseguimos por meio da educação e do emprego”, pontuou o deputado federal Julio Cesar (PRB-DF).
A deputada Dra. Soraya Manatto (PSL-ES) classificou como “excelente” o Programa Espaço 4.0 e lembrou que muitos jovens têm a necessidade de trabalhar logo cedo, o que desestimula os estudos. “É importantíssimo aproveitarmos o Sistema S. O SENAI e Sebrae, por exemplo, têm programas maravilhosos, que estimulam o estudo e uma formação técnica. E muitas vezes, os estudantes conseguem emprego ou montar o próprio negócio com mais facilidade”, analisou.
Na visão do deputado Ossesio Silva (PRB-PE), a parceria entre SENAI e Secretaria Nacional da Juventude vai render frutos principalmente para os mais pobres.
“O Brasil está um pouco atrás com relação à tecnologia, poderíamos estar muito mais à frente. Doravante, vai ser tudo ensino de tecnologia, as faculdades, tudo será voltado a essa área, o que traz um avanço muito bom para o nosso país”, atestou.
O Espaço Maker – que servirá de referência ao Espaço 4.0 – é um laboratório pensado para estimular a inovação. Um ambiente digital voltado para a educação profissional, pedagogicamente planejado para estimular os alunos no desenvolvimento do comportamento empreendedor, trabalhando a ideia do “aprender fazendo”.
Nesse método de ensino, o estudante passa a ser o dono do processo de aprendizagem, enquanto o professor atua apenas como um facilitador, prestando apoio nos momentos de dúvidas. O SENAI possui 150 unidades com esse propósito.
Fonte: Agência Radio