Foto: Folhapress/Folhapress

O economista piauiense e ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso morreu aos 87 no Rio de Janeiro, onde morava com a família há décadas. Reis Velloso foi ministro nos governos militares por 10 anos e responsável pelo planejamento que permitiu o período de desenvolvimento denominado milagre econômico.

Piauiense de Parnaíba, Reis Velloso foi fundamental na liberação de recursos para construção da infraestrutura do Estado na década de 1970. No primeiro governo Alberto Silva, Reis Velloso era ministro do Planejamento na gestão do presidente Emílio Médici e responsável direto por liberações de recursos que resultaram na construção de estradas, hospitais, escolas, estádio Albertão, maternidade Evangelina Rosa e muitas obras estruturantes.

O ex-ministro, que é irmão do também economista Raul Velloso, também criou o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) e nos últimos dedicou-se ao fórum nacional de desenvolvimento, evento que reúne no Rio de Janeiro gestores públicos, economistas e empresários na discussão de temas relevantes para o progresso do país.

Como ministro do Planejamento, Reis Velloso era considerado um dos civis mais poderosos do governo Geisel. O ex-ministro entrou para a política em 1951, aos 20 anos, conforme o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (Cpdoc/FGV). Naquele ano, se mudou para o Rio, então capital, vindo de sua Parnaíba natal, para trabalhar como secretário do deputado federal Jorge Lacerda, da UDN (União Democrática Nacional, partido de oposição ao então presidente Getúlio Vargas) de Santa Catarina.

Em seguida, Reis Velloso iniciaria sua carreira como escriturário do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), ainda no Rio. Em 1955, passou em concurso público para o Banco do Brasil, trabalhando inicialmente em São Paulo. Por isso, começou a faculdade de economia na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), mas o curso seria concluído na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em 1960. Após ser assessor no BB, Reis Velloso trabalhou no gabinete do ministro da Fazenda Válter Moreira Sales no fim de 1961, no governo João Goulart.

O ex-ministro não viveu a derrocada do governo João Goulart nos gabinetes ministeriais, já que, em 1962, foi estudar na Universidade Yale, em New Haven (EUA), onde obteve o mestrado em Economia, em maio de 1964. Quando voltou ao Brasil, em julho daquele ano, o governo militar do marechal Humberto Castelo Branco já estava instalado em Brasília.

Reis Velloso foi então trabalhar no Ministério do Planejamento, comandado pelo economista Roberto Campos, ícone do liberalismo econômico no País. Na nova função, ainda conforme o Cpdoc da FGV, Reis Velloso organizou e chefiou, até 1968, o Escritório de Pesquisa Econômica e Social Aplicada (EPEA), hoje Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em abril de 1968, assumiu o cargo de secretário-geral do Ministério do Planejamento.

Reis Velloso assumiu como ministro no fim de 1969, em seguida da posse do general Emílio Garrastazu Médici na Presidência. À frente do Planejamento, coordenou as duas edições do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). O I PND foi lançado em 1972, e o II PND, em 1974.

O ex-ministro deixou o Ministério do Planejamento em 1979. O novo presidente, o general João Batista de Figueiredo, indicaria o ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen para a pasta do Planejamento.

A saída do Ministério do Planejamento marcou o fim da carreira política de Reis Velloso. Ainda conforme o Cpdoc da FGV, seu nome seria aventado como candidato ao governo do Piauí, mas o ex-ministro optou por assumir a presidência, ainda em 1980, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), ligado à Bolsa de Valores do Rio.

De lá para cá, Reis Velloso integrou conselhos de administração de diversas estatais, mas atuou principalmente no setor privado. Em 1988, organizou o I Fórum Nacional, com o tema “Ideias para a modernização do Brasil”. O evento reuniu economistas, cientistas sociais e políticos, líderes sindicais e empresariais, para discutir temas sociais e econômicos da atualidade. Com a criação do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), o Fórum Nacional se tornaria anual a partir dos anos 1990.

Fonte: Cidade Verde

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