O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou, na manhã desta terça-feira (11), para a China. A viagem deveria ter acontecido no dia 25 de março, mas foi adiada por conta de um diagnóstico de pneumonia do presidente.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta seu vice Geraldo Alckmin (PSB) antes de embarcar para a China.

Há uma grande expectativa sobre a viagem de Lula ao país asiático. A China é o principal parceiro comercial do Brasil: 27% de tudo o que foi exportado pelo país no ano passado teve como destino o mercado chinês.

O governo também pretende usar a ida do presidente para fazer uma virada de página na relação com os chineses, depois das hostilidades do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Com a viagem, Lula teve de adiar para maio a primeira reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão.

Agora, a primeira reunião do Conselhão ficará para 4 de maio. Ao todo, o colegiado federal será formado por 200 integrantes da sociedade civil, incluindo segmentos econômicos que apoiaram a gestão de Jair Bolsonaro.

A expectativa é de que o encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, ocorra no dia 14 de abril. O grupo deve deixar o país asiático em 15 de abril.

Integrantes da comitiva

Segundo informações do analista da CNN Gustavo Uribe, o presidente Lula ampliou a lista de autoridades convidadas. A primeira relação, elaborada antes de o petista ter adiado o compromisso, continha 27 deputados e senadores.

Agora, a lista soma 39 congressistas, incluindo, por exemplo, o deputado federal Cléber Verde (MA), do Republicanos, partido que apoiou a reeleição de Jair Bolsonaro em 2022.

Além do Republicanos, foram convidados para a viagem ao país asiático parlamentares do PP, Podemos, PSDB e Patriota, que não apoiaram o petista na última eleição presidencial.

A expectativa é de que o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também integre a comitiva oficial.

Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não deve compor a comitiva da viagem do chefe do Executivo.

No sábado (8), Lira passou por uma cirurgia para a correção de hérnia umbilical. Segundo o boletim médico, a recomendação é para que o presidente da Câmara fique de repouso por 10 dias.

No entanto, mesmo antes do procedimento, o presidente da Câmara sinalizava que não deveria compor a comitiva, uma vez que a semana deve ser movimentada no Congresso, especialmente com a instalação prevista de ao menos quatro comissões mistas para as análises das primeiras MPs editadas por Lula.

Oportunidades econômicas

A viagem gera grande expectativa para a agenda econômica em setores como o agronegócio, infraestrutura e tecnologia.

Com relação ao primeiro, especialistas ressaltam a oportunidade de o país expandir a exportação de carnes para o gigante asiático, com a autorização e abertura de novas plantas de produção que tenham permissão para que seu produto seja enviado e consumido pelos chineses.

Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), desde 2013, a China é o primeiro, dos três principais destinos dos produtos do agronegócio brasileiro. Ano passado, 31,9% da exportação nacional de produtos do setor teve Pequim como destino.

Já na infraestrutura, a China é, também, um dos principais investidores no Brasil. De acordo com o Itamaraty, entre 2007 e 2021, o Brasil foi o quarto principal destino internacional de investimentos chineses (4,8% do total) e o principal na América do Sul (48%).

Tendo em vista o histórico de parceria, a expectativa é de que a viagem possa fortalecer ainda mais a relação entre ambos. Sendo importante para o Brasil, que pode utilizar a parceria para suprir carências no setor de infraestrutura.

Com relação ao setor de tecnologia, no roteiro anterior de Lula, estava prevista uma visita a um centro de pesquisa da Huawei e uma parceria no desenvolvimento de tecnologia de monitoramento.

Antes do diagnóstico do presidente, o Itamaraty também afirmou que pretendia assinar pelo menos 20 acordos com os chineses durante a viagem.

Além disso, estava no radar a reativação de um fundo de R$ 20 bilhões que foi criado em 2015, mas estava parado por questões burocráticas. Uma aliança global contra a fome, nos moldes da aliança da China com a África, seria outro ponto focal da viagem.

Geopolítica

No âmbito geopolítico, Lula deve falar com o presidente chinês sobre o seu acordo de paz para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Nesse ponto, fontes ligadas ao Partido Comunista Chinês já haviam dito à CNN que poderia haver uma sinalização diplomática de que ambos os países querem a paz, mas a postura da China sobre a guerra não mudaria substancialmente – ainda mais considerando a recente visita de Xi ao presidente Vladimir Putin.

Na quinta-feira (6), em café com jornalistas, Lula defendeu o fim da guerra que, para ele, “não tem justificativa” para continuar. O presidente sugeriu ainda que a Ucrânia poderia ceder a península da Crimeia à Rússia em troca de um acordo de paz.

A declaração do presidente provocou críticas de autoridades ucranianas, que defenderam a soberania e integridade do país.

 

Fonte:Cnn

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