Propiedades foram fiscalizadas, pessoas foram autuadas e frascos com agrotóxicos apreendidos.
A Semana de Educação Ambiental e Fiscalização para a Preservação do Ambiente Apícola terminou nessa sexta-feira (12), no auditório do Centro Integrado de Atendimento (CIAC) de Picos. O evento é uma realização da Secretaria do Desenvolvimento Rural (SDR) e da Câmara Setorial de Apicultura.
Desde o início da semana, foram realizadas ações de educação ambiental e de fiscalizações em propiedades dos municípios de Geminiano, Campo Grande, Francisco Santos e Monsenhor Hipólito, com o acompanhamento do diretor do Agronegócio da SDR, Kleber Alencar. A atividade foi uma ação conjunta entre a SDR, o Batalhão de Policiamento Ambiental e a Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (Adapi) e resultou na fiscalização de quatro propriedades e três estabelecimentos comerciais, apreensão de frascos de agrotóxicos em desacordo com a legislação, quatro pessoas autuadas pela Polícia Militar Ambiental por crime ambiental e 70 pássaros nativos silvestres apreendidos.
Em uma das visitas, a diretora de Agricultura Familiar da SDR, Liz Meireles, relatou que os técnicos chegaram a identificar um agrotóxico de tarja vermelha, considerado um dos mais perigosos. “Temos que investir na preservação, continuar mobilizando todos os envolvidos pra falar deste tema e fazer um alerta em todo o estado sobre o risco do uso indiscriminado de agrotóxico, principalmente sobre as consequências para nossa saúde, para o meio ambiente e as nossas atividades que trazem renda para a sobrevivência no campo e na cidade”, afirmou.
O apicultor da região de Picos, Francisco Batista de Barros, avalia que é de suma importância uma ação como esta. “Acho que é inédito na apicultura do Piauí juntar a câmara setorial, organismos públicos e setor produtivo. Temos que abrir os olhos, promover mais encontros como este. Eu mesmo já tive este problema de envenenamento no meu apiário”, relatou.
O gerente da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (Comapi), Sergio Viana Medeiros, afirma que este tipo de evento é superimportante pra trazer uma temática que pode causar danos futuros, além de prevenir algo que ainda está incipiente no Piauí, mas que em outras regiões já é real.
Representantes dos órgãos que participaram das atividades durante toda a semana, empresas de beneficiamento e exportação de mel, sindicatos, associações, agricultores e apicultores compareceram ao evento que contou com palestras do coordenador do curso de engenharia agronômica da UFPI, Darcet Costa Souza e do fiscal agropecuário da Adapi, Francisco Esdras. Os especialistas falaram sobre o risco do uso indiscriminado do agrotóxico e sobre as ações de fiscalização no estado. Ao final das palestras, os participantes tiveram a oportunidade de dar depoimentos e tirar suas dúvidas em relação ao tema.
O professor Darcet Souza encerrou sua palestra alertando para os riscos da perda da certificação no estado do Piauí. “O bom seria não usar o veneno mas, enquanto isso não é possível, temos que unir forças para conscientização de todos e todas nas atitudes do dia, porque não adianta vender o mel orgânico e usar agrotóxico”, afirmou. O professor acrescenta que no caso de morte de abelhas nos apiários, deve ser feita uma comunicação imediata para a Adapi, que é o órgão responsável e que têm o poder de acionar os órgãos competentes pra tomar as medidas necessárias.
O encontro teve uma programação de debates e rodas de conversas na sexta-feira (12), com temas envolvendo a educação ambiental, a fiscalização,dados sobre morte das abelhas, causas e consequências e a preservação do ambiente apícola e a convivência das abelhas.
Ao final da reunião, foram relacionadas propostas dos participantes para combater o uso do agrotóxico por meio de mudanças das leis e medidas educativas, que segundo a coordenação do evento, serão encaminhadas por meio de relatórios aos órgãos competentes dos governos municipal e estadual.